quinta-feira, 26 de junho de 2014

Discurso do Secretário Geral da FSM, George Mavrikos, diante da plenária da 103º CIT – Conferência Internacional do Trabalho

                                     
     
“Em nome da Federação Sindical Mundial, representando hoje 90 milhões de trabalhadores em 120 países do mundo, consideramos que a situação da classe trabalhadora a nível global está piorando constantemente”, disse George Mavrikos, Secretário Geral da FSM diante da plenária da 103ª CIT.

A profunda e prolongada crise do sistema capitalista gera pobreza, desemprego e sofrimento para os trabalhadores e imensos mananciais para os capitalistas. Estamos muito preocupados pelo aumento dos partidos neofascistas na Europa, pelo fortalecimento do racismo e da xenofobia. É dever dos sindicatos afastar os fascistas de cada setor e cada lugar de trabalho.

Ao mesmo tempo, a concorrência dentro do sistema capitalista gera guerras, conflitos, intervenções imperialistas. Vemos os resultados dessas intervenções na Líbia, Síria, Iraque, Afeganistão, Ucrânia e outros lugares.

Os imperialistas intervêm para ganhar esferas de influencia, rotas de transportes de energia, roubar os recursos naturais e econômicos que pertencem aos povos do terceiro mundo.

Esta é a situação atual. Frente a esta situação, como FSM, queremos destacar, desde a 103ª CIT, os seguintes 5 pontos:

1º Ponto: Convocamos à luta contra o desemprego. O desemprego mata os sonhos dos jovens. O desemprego é o inimigo do movimento sindical e um aliado dos capitalistas. A FSM designou o 3 de Outubro de 2014 como dia Internacional de Ação contra o desemprego. Devemos participar dessa luta com um programa e iniciativas concretas.

2º Ponto: O direito à greve está em perigo. Os governos e a burguesia têm sua própria leitura da Convenção 87. Seu objetivo é eliminar o direito à greve e impor condições que impossibilitam a organização da greve. 

É o dever de todos nós defendermos o direito à greve. A greve é uma arma única da luta de classes e, ainda mais hoje em dia, quando os ataques contra os direitos e conquistas dos trabalhadores são constantes. É um direito registrado na Convenção 87 de 1948 e nas leis nacionais. É incorreto enviar esse tema para o Tribunal Internacional da Justiça em Haya.

3º Ponto: Há um mês, no dia 13 de maio de 2014 na cidade de Soma, na Turquia, mais de 300 dos nossos irmãos perderam a vida porque a mina onde trabalhavam não tinha as condições necessárias de segurança e saúde. A sede dos patrões por lucros assassinou mais que 300 trabalhadores.

Para a FSM, a luta por medidas de saúde e segurança no trabalho é uma prioridade básica. Para o movimento sindical classista, a vida do trabalhador é o valor mais importante. Por isso que a luta por condições de segurança e saúde dos trabalhadores é uma das prioridades principais, juntamente com a luta por salários e a luta contra o desemprego.

4º Ponto: Hoje, enquanto nós estamos discutindo aqui na 103ª CIT, milhares de nossos irmãos, dos nossos colegas estão presos. Na Colômbia 9.500 lutadores estão injustamente presos. Entre eles, o dirigente da FSM Huber Ballesteros, sindicalista do setor de agroalimentos. No Paraguai, Rubén Villalba, dirigente camponês da nossa organização filiada a MOAPA está preso. Existe perseguição de sindicalistas no Cazaquistão e Malásia. 

Na Grécia os grevistas de Helliniki Halivourgia foram condenados no tribunal. No Chile, os trabalhadores continuam sofrendo com as substituições de trabalhadores em greve, sindicalistas são demitidos diariamente. 

No Peru, sindicalistas da construção civil e de outros setores são ameaçados, agredidos e assassinados. Há uns dias, os trabalhadores grevistas e suas famílias nas unidades da empresa Holcim, no Sri Lanka, foram agredidos por gangues contratadas, por expressar seu direito à greve.

Exigimos a intervenção imediata da OIT pela liberdade de Huber Ballesteros na Colômbia, Rubén Villalba no Paraguai e todos os militantes presos.

5º Ponto: Estimados amigos, o último ponto que queremos destacar é a falta de representatividade na OIT.

Hoje, a FSM tem 90 milhões de membros. Segundo a representação proporcional, deveria ter 5 lugares para membros titulares no Conselho de Administração. Estes lugares são ocupados por outros através de processos antidemocráticos e sem transparências.

Esta é uma imagem que não é boa nem para o movimento sindical e nem para a própria OIT. Continuaremos gritando. Continuaremos lutando por representatividade, transparência e democracia até o final. Nós apresentamos por escrito e verbalmente nossas propostas concretas para o Diretor Geral. Estamos abertos e preparados para uma solução verdadeira e justa. Pedimos o apoio de todos para este esforço que no próximo período passará por outras formas.

Finalmente, desde esse lugar, enviamos uma mensagem internacionalista para o heróico povo Palestino, para o povo Cubano, para os povos da Venezuela, Bolívia, Equador, Líbano e todos os povos e dizemos que estaremos ao seu lado com um espírito fraternal e internacionalista.

Afirmamos aos trabalhadores de Portugal e Grécia que continuaremos ao seu lado em suas diversas lutas contra a austeridade, a Troika, o FMI e a EU."

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