quarta-feira, 30 de julho de 2014

Sonia Roseno, a primeira doutora do MST de Minas Gerais

                                                                            
Joana Tavares
Da Página do MST

A mesa tinha flores, frutas, bandeiras. O hino nacional foi tocado na viola. A sala estava cheia, e não só de estudantes. Assim começou a defesa de tese de doutorado de Sonia Roseno na Faculdade de Educação da UFMG. Soninha, como é conhecida, é a primeira Sem Terra do MST a ter o título de doutora em Minas Gerais. Em todo o Brasil, são mais de 500 mestres e doutores do MST.

Ela pesquisou a formação de militantes que passaram pelo curso de Licenciatura em Educação do Campo, na UFMG, e em Geografia, na Unesp. Sonia aponta que a trajetória de educação está presente no MST desde sua constituição como movimento social, em 1984. 

"A luta pela escola se dá dentro do acampamento, quando começa a luta pela terra. E o movimento vai dando continuidade a essa luta em outros espaços, que é o que a gente chama de sair pra fora. Aí se incluem as universidades. Hoje temos parceria com 60 universidades do Brasil, que buscam dar essa ampliação na formação dos educadores que vão trabalhar nas escolas", conta.

Ela percebe que, ao lado do avanço na formação de muitos camponeses, ainda há muitos desafios. O principal deles, segunda a pedagoga, é impedir o fechamento de escolas no campo. "E a universidade poderia nos ajudar a fazer esse diálogo, essa luta", defende.

Superação e reflexão

Filha de trabalhadores rurais, Sonia nasceu em Alpercata, no Vale do Rio Doce. Entrou para o Movimento em 1997 e se formou pedagoga em uma parceria da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, em 2001. Em 2010, se formou mestre em Educação pela UFMG. E, agora, é doutora. "Para mim esse momento é histórico, porque não é individual, é conquista do MST e da classe trabalhadora", diz.

Esse é o sentimento de outros companheiros de Soninha, como Osvaldo Samuel Santos, da direção estadual do MST e egresso da primeira turma de licenciatura em Educação do Campo da UFMG: "O MST ocupou e resistiu aqui na UFMG. Esse doutorado representa a continuidade da relação do Movimento com a universidade, com o empenho da militância, que se desafia para buscar e concluir a formação”.

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