sábado, 31 de maio de 2014

Ditadura dizimou povos indígenas


                                                                  
                                                     PCO/Diário Liberdade/Reprodução
O período da ditadura foi marcado pelo terror e a brutal violência contra aqueles que se opunham ao governo dos militares. Foi o governo da defesa do latifúndio que instituiu a grilagem de terras públicas e o assassinato de povos indígenas.

Não são apenas as imagens e vídeos que evidenciam uma verdadeira barbárie que atingiu as tribos indígenas no norte do país no período da ditadura militar na década de 1960. O rastro e de dezenas de pessoas mortas espalhadas pela mata, mulheres, velhos, crianças, homens, membros da etnia Arara, após serem contaminados por gripe nas margens da Transamazônica. Ou dos mais de mil, talvez até dois mil, indígenas Waimiri-Atroari, mortos por tiros de metralhadora, talvez até mesmo bombas do exército, e também por epidemias.  

A ditadura saltava os olhos sob a Amazônia que tinha papel estratégico para os militares de um ponto de vista ideológico e desenvolvimentista, o que levou a violentos processos de expropriação contra os povos indígenas o que se espalhou por todo o país: dos Kaingang e Guarani no Sul, aos Yanomami no extremo norte e  os Krenak em Minas.  

Um estudo recente aponta que 1.196 camponeses foram mortos ou desparecidos no período de 1961 á 1988. Não existem números relativos aos indígenas mortos, a Comissão da Verdade estima que esse percentual esteja na base de praticamente oito mil indígenas assassinados.  

Povos inteiros foram exterminados brutalmente demonstrando o genocídio provocado pelos militares no campo e sob os povos indígenas. Se reconhece essa possibilidade, além dos registros documentais, em função de povos que expostos a massacres brutais não é mais possível que se reproduzam fisicamente. É o caso dos Kanoe e Akuntsu, em Rondônia, dos Piripkura, no Mato Grosso do Sul e os mais conhecidamente "índio do Buraco", também em Rondônia, e Aure, no Maranhão, sendo que todos esses povos não chegam hoje a atingir cinco membros.  

A grilagem de terras transforma a Amazônia em terra arrasada 

No caso dos Akuntsu investigações feitas pela própria FUNAI em 1986 apontam que os corpos dos mortos em um dos ataques a aldeia tenham sido carregados em caçambas e despejados em uma lagoa na região  de Corumbiara. As fazendas que ocuparam o espaço das terras da aldeia foram formadas por meio da grilagem de terras públicas e corrupção dentro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em projetos fraudulentos de apropriação.  

Quando os militares planejavam a invasão da Amazônia, apenas 1,8% das terras eram desmatadas e ocupadas por pasto e lavoura, e só metade delas tinha título. Hoje, 18% foi transformado em pasto (80% dessa área), soja, lavouras, ou apenas degradado. Na ânsia de conquistar essas terras o governo militar passou a oferecer incentivos fiscais e terras públicas que eram ocupadas por populações aos empresários com objetivo de atrair investimentos privados na região, e além do mais a demarcação dos lotes ultrapassou a extensão original que os empresários, de maneira contraditória haviam adquirido.  

Um exemplo claro dessa grilagem é a terra indígena dos Marãiwatséde, que foi organizada por Ariosto da Riva que é considerado como o último bandeirante do século 20 em parceria com o grupo Ometto, que foi transformada em um latifúndio e que apenas no ano passado a terra foi devolvida aos Xavantes, deixando de fora boa parte do perímetro original. Já no Pará apenas oito empresas possuíam em torno de seis milhões de hectares.  

Em 1976 o governo Geisel por meio das medidas provisórias 005 e 006 regularizou as terras griladas e deu aval para que a justiça pudesse proceder com a expulsão dos indígenas de suas terras. Esse período marca o início das milícias privadas e da pistolagem na Amazônia, produto da permanência de oligarquias no poder dessas regiões e na sustentação e apoio por parte dos grupos empresariais interessados.  

Conscientes da impunidade dos criminosos, alguns povos, como os Waimiri-Atroari "não querem falar". Outros como os  Parakanã, que foram dizimados por doenças e a transferência forcada em razão da construção da Transamazônica, bem como os Arara, possuem dificuldades em relacionar as mortes com o contexto político da ditadura.  


A política fundiária e de impunidade atual são retrocesso contra os crimes da ditadura 


Em 2008 foi criado o "MP da grilagem" (MP 458) que se trata da regularização de terras públicas na Amazônia, o que na prática é  a oficialização de um empreendimento imobiliário a favor de grileiros que se apropriaram das terras quilombolas e dos povos indígenas. o MP tem como objetivo a implementação de enormes fazendas de gado, de soja, de cana-de-açúcar, dentre outros plantios. Ou seja, colocar em prática políticas agrícolas e fundiárias que se destinam a   transformar  a Amazônia em uma grande exportadora de commodities e minério, deixando pendente  a demarcação de terras para os povos indígenas originários da região fazendo com que crimes contra os povos sigam cotidianamente até hoje como é o caso dos Guarani e Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, ou os Tupinambá, na Bahia.  

A violência contra os povos indígenas durante a ditadura merece uma investigação mais profunda, devendo atingir e responsabilizar os assassinos e torturadores, sendo esses os grupos empresarias que se beneficiaram ás custas do sangue e expropriação dos povos indígenas sob aval da ditadura militar, portanto seus responsáveis diretos.  

Está na hora de anular a lei de anistia, aprovada na ditadura, que garante a impunidade de seus representantes e julgar os assassinos e torturadores dos crimes da ditadura militar, bem como completar a demarcação de terras como primeiras ações de mudança, incluindo os próprios indígenas como protagonistas nos projetos que dizem respeito a seus territórios, desafiando os interesses do agronegócio e da grilagem, defendendo amplamente a reforma agrária.  (Com o PCO/Diário Liberdade)

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Rodoviários do Rio ameaçam fazer nova greve de ônibus na próxima semana

                                                                 
Os rodoviários do Rio de Janeiro admitiriam a possibilidade de paralisação por tempo indeterminado, a partir da próxima segunda-feira (2), se o prefeito Eduardo Paes não abrir um canal de negociação com a categoria. A declaração foi feita na quarta-feira (28) por representantes da categoria insatisfeitos com o sindicato. Nesta sexta-feira (30), os trabalhadores farão nova assembleia às 16h, na Central do Brasil.

Segundo representantes do grupo, durante a paralisação da quarta-feira (28), 60% dos motoristas e cobradores aderiram ao movimento. Já o Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas de transporte, informou que 90% da frota circulou pela cidade durante todo o dia, com apenas 10% de adesão à paralisação.

O motorista Jonatas Alves, que faz parte do movimento grevista, disse que muitos ônibus estão sendo dirigidos por pessoas que não são funcionárias das empresas.

“As empresas estão contratando qualquer um para dirigir os ônibus, muitas pessoas com carteira D estão indo para as portas das garagens e acabam sendo pagos para guiar os ônibus durante a greve. A maioria nem está usando uniformes, justamente por não serem funcionários. Por isso a população tem a impressão de que a adesão dessa vez foi menor”, disse.

Os rodoviários querem que o prefeito Eduardo Paes os receba para discutir as principais reivindicações: reajuste salarial de 40%, cesta básica de R$ 400 e fim da dupla função. O acordo fechado entre o sindicato e a Rio Ônibus concedeu um reajuste salarial de 10% e aumento da cesta básica para R$ 150, com desconto de R$ 10 na folha de pagamento.

A cobradora Maura Gonçalves contou que empresários estão pagando para motoristas furarem a greve. “Eu mesma vi nas garagens. Chegam a oferecer R$ 300 para tirarem o carro da garagem. Muitos motoristas ficam com medo, se sentem ameaçados, porque dependem do emprego”. (Com a ABr)

Servidores da Saúde da PBH decidem terminar greve


                                                  

Após 23 dias de greve, os servidores municipais da saúde em Belo Horizonte decidiram voltar ao trabalho a partir deste sábado (31). Eles aprovaram nova proposta apresentada pela prefeitura nesta sexta-feira (30), durante assembleia na Praça da Estação.

Segundo informações do Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), a categoria realizou assembleia na manhã desta sexta mantendo a greve, mas, durante a tarde, uma nova proposta foi apresentada especificamente para o setor da saúde. Entre as medidas estariam a equiparação de algumas carreiras da saúde, o abono dos dias de greve e o compromisso da PBH em reformular as funções dos agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate a endemias (ACE). 

A informação sobre a nova proposta ainda não foi confirmada pela PBH. Conforme as secretarias de Planejamento e de Saúde, ainda está valendo a oferta feita na última segunda-feira (26) a todo o funcionalismo público e que, também contempla os servidores da saúde. A proposta consiste em reajuste salarial de 7% dividido em duas etapas, acréscimo de 8,82% ao vale-refeição a partir de novembro e um abono aos servidores, que será pago em dezembro.

Além dos servidores da saúde, os trabalhadores da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e da caixa escolar também já encerraram a greve. Já as demais categorias do funcionalismo permanecem em greve por tempo indeterminado e devem realizar nova assembleia geral na próxima quarta-feira (4). (Com o Hoje em Dia)

Greve dos educadores tem nova assembleia dia 4


Presidente da Fetaemg fala sobre a saúde do trabalhador rural

                                                           
                                   
O presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva, foi um dos palestrantes na IV Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que teve início quinta-feira (29/05), em Belo Horizonte. O evento, que se estende até 31, tem como principal objetivo deliberar sobre a implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, além de fortalecer e compreender a atuação do controle social. O tema central do encontro é “Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, direito de todas e de todos e dever do Estado”.

Em sua palestra o presidente Vilson Luiz retratou, entre outros pontos, os desafios para garantir ao trabalhador o acesso a uma saúde de qualidade. Sobre a saúde do trabalhador e da trabalhadora rural o destaque será para a necessidade de considerar o processo produtivo agrícola cada vez mais dependente de agrotóxico.

Nesse caso, Vilson chamou a atenção para a inexistência de uma regulamentação mais rigorosa e orientações técnicas mais efetivas para o uso do agrotóxico. 

O dirigente ainda apresentou o Projeto de Formação de Lideranças que está sendo implementado pela Fetaemg junto com o Ministério da Saúde e Universidade de Brasília, com o objetivo de capacitar dirigentes sindicais e lideranças rurais, profissionais do serviço e da gestão de saúde para atuação articulada na execução da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta.

A IV Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora faz parte de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o Conselho Estadual de Saúde e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems).

A etapa estadual foi precedida por 13 conferências de regiões ampliadas, de onde saíram os delegados e as propostas para a etapa estadual. Da mesma forma, a IV Conferência Estadual elegerá seus delegados e consolidará as propostas que serão encaminhadas à etapa nacional, que tem a realização prevista para o período de 10 a 13 de novembro de 2014, em Brasília/DF.

Greve dos jornalistas completa 35 anos; participantes discutem as consequências

                                                            

Jéssica Oliveira | 29/05/2014 14:15
  
22 de maio de 1979, Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA): "Os jornais vão noticiar a greve". A frase foi dita por Emir Macedo Nogueira (1927-1982), então editor de opinião da Folha de S.Paulo, sobre a greve dos jornalistas. Naquela noite, 1.692 profissionais decidiram a favor da paralisação da categoria. Os dias seguintes mostraram que ele estava certo.

Crédito:Arquivo / Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP)

Parte do especial de 30 anos da greve feito pelo jornal do sindicato, o Unidade

"Era muito desagradável chegar em casa de madrugada e a primeira coisa vista na porta era o jornal dobradinho. Era o fracasso ali. Não conseguimos nem impedir que os jornais saíssem. Como vamos convencer as pessoas?", lembra Juca Kfouri, 35 anos depois. Na época ele trabalhava na revista Placar, era da diretoria do sindicato de jornalistas e membro do comitê da greve.

Assim como Kfouri, Sandro Vaia, então editor de esportes do extinto Jornal da Tarde, viu o movimento nas manchetes, e entendeu o “recado”. "Estávamos lá [no 'bar do Alemão', na avenida Antártica] tomando nosso chope habitual quando apareceram  três dos quatro filhos de Ruy Mesquita, diretor do JT, com uma pilha de jornais debaixo do braço. Eles distribuíram de mesa em mesa um exemplar recém-impresso com a manchete "Jornalistas de SP estão em greve". 

O recado deles, com aquele gesto, era bastante claro: 'Vocês estão em greve, mas o jornal está na rua; quem precisa de vocês?' Era uma ironia. Sorrimos. O que mais podíamos fazer?", recorda. 

Segundo ele, toda a redação do JT compareceu às assembleias e a maioria decidiu votar contra a greve, por considerá-la "inoportuna" e por achar a condução do sindicato um tanto "imprudente", mas, no fim, a equipe do periódico aderiu à paralisação.

                                                               
                                                    
                   A greve nas páginas do jornal Unidade
                
Jornalistas votam na Igreja da Consolação

Do ABC para as redações

Os jornalistas de São Paulo reivindicavam 25% de aumento salarial e imunidade para os representantes sindicais nas redações. Mas, segundo Kfouri, o movimento foi inspirado muito mais nos metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP) que cruzaram os braços, sob a liderança do então líder sindical Luis Inácio da Silva, o Lula, do que nas reivindicações dos jornalistas.

"Queríamos fazer como os metalúrgicos. Vimos aquilo crescer, aquelas assembleias monstruosas, com uma voz que ia além da questão trabalhistas, que confrontava com a ditadura. Sei que pode parecer infantil, mas era mais do que isso, era uma coisa generosa", afirma.

Contrário a esse pensamento, estava principalmente a voz de Nogueira, que chamava a paralisação dos jornalistas de aventura. “Ele era a voz sensata, calma e tranquila, que dizia que estávamos bancando uma aventura. E estávamos. Era vaiado cada vez que ia falar, nunca perdia a compostura. Tentavam fazer que a voz dele não fosse ouvida, mas não tinha uma pessoa que não o respeitasse. Uma figura admirável, por quem eu tenho grande saudade”, diz Kfouri. 

Tanto na assembleia do Tuca no dia 22, quanto na Igreja da Consolação no dia 17 de maio e com a presença de 1500 profissionais, Nogueira foi vaiado, insultado e xingado, segundo o seu filho Paulo Nogueira, à época redator da Folha da Tarde, hoje diretor editorial do site Diário do Centro do Mundo. 

“Eu era um garoto de 22 anos e foi complicado ouvir sentado os insultos a meu pai. Nunca me perdoei inteiramente pelos murros que não dei, mesmo sabendo que teria sido uma besteira monumental, uma afronta ao meu próprio pai, que compreendia o drama do momento e ouvia os xingamentos com absoluta calma”, afirma. 

O plano secreto

Na mesma noite da constatação fatídica de Nogueira, Kfouri tentou acalmar os presentes no Tuca e anunciou que havia um “plano secreto para parar os jornais”, história que, segundo ele, o “constrange”. 

“Havia um núcleo operações não ortodoxas para garantir que a greve seria bem-sucedida. O responsável por esse núcleo disse: ‘pode garantir que amanhã não haverá jornais”, explica. Mas, ao final da assembleia, soube que o plano era jogar óleo na pista de Marginal para impedir que os caminhões passassem. “O plano foi imediatamente abortado, claro”.

Na manhã seguinte, no Tuca aconteceu exatamente o que previu Nogueira: a greve nos jornalistas foi noticiada. “Não me arrependo de ter participado da greve. Sei exatamente porque fiz e me orgulho, mas é claro que hoje olho aquilo como um equívoco", afirma Kfouri.
Crédito:Arquivo / SJSP

Piquete em frente à Folha

Entre o início e o fim
Para garantir o sucesso da greve, além das assembleias, houve reuniões quase diariamente no sindicato dos jornalistas, na região Central de São Paulo, e piquetes nas portas das redações para impedir a entrada de colegas e pressionar os que trabalhavam. 

Vaia recorda o que ouviu de um colega algo engraçado durante o piquete na porta do Estadão. Os grevistas chamavam o jornalista Luiz Fernando Emediato sob os gritos 'Luiz Fernando Emediato, desça daí emediatamente'. "Era uma piada, em forma de trocadilho. Ele se orgulhava bastante da autoria de sua sacada e do seu bom humor", conta.

A mobilização foi grande, mas gráficos, funcionários administrativos e radialistas não pararam. Os periódicos estavam descaracterizados, mas circularam. Um a um, os jornais, rádios e TVs voltaram a circular com matérias "cozinhadas" ou já publicadas.

No dia 28, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgou a greve ilegal. Após a decisão, as empresas demitiram pelo menos 220 grevistas, segundo o texto "Os jornalistas e sua greve: consciência de classe e debate político", de Marco Antônio Roxo da Silva, doutorando em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

"O clima oscilou entre a mais delirante euforia (antes da greve) e a mais cava depressão (depois)", resume Paulo Nogueira. “As empresas aproveitaram a greve reduzir substancialmente seus quadros, uma vez que perceberam que dava para fazer o jornal com menos gente. Nunca mais as redações voltaram aos níveis pré-greve". (Com o Portal Imprensa)

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Encontro Estadual dos Empregados da CAIXA examina reivindicações

                                                                         

Os empregados da CAIXA em Minas Gerais realizam, no dia 31 de maio, sábado, seu 23º Encontro Estadual. O evento ocorre de 9 às 18h na sede do Sindicato, localizada na rua Tamóios, 611, no Centro de Belo Horizonte.

O objetivo do Encontro é definir as propostas que servirão de base para a pauta específica de reivindicações a ser discutida no 30º Congresso Nacional dos Empregados da CAIXA (Conecef), que será realizado entre os dias 6, 7 e 8 de junho em São Paulo. Também durante o Encontro Estadual serão eleitos os delegados da ativa que representarão Minas Gerais no Congresso Nacional.

Entre os temas a serem tratados, estão: organização do movimento, papel social da CAIXA, saúde do trabalhador e condições de trabalho, Saúde Caixa, Funcef, aposentados, segurança bancária, jornada de trabalho, Sipon, isonomia, carreira, terceirização e contratação.

Todos os empregados da CAIXA em Minas estão convidados e as inscrições para o Encontro Estadual podem ser realizadas até as 12h do dia 30 de maio, sexta-feira, na sede do Sindicato, na rua Tamóios, 611, Centro. Os interessados também podem entrar em contato pelo telefone (31) 3279-7823 ou pelo e-mail secgeral@bancariosbh.org.br.

O empregado da CAIXA e presidente do Sindicato, Cardoso, ressaltou a importância da participação de empregadas e empregados no Encontro Estadual. "Já estamos dando início à próxima Campanha Nacional e, durante o Encontro, poderemos discutir as reivindicações específicas que serão levadas ao Congresso. 

Além disso, é no Encontro Estadual que elegeremos os delegados que representarão nosso estado no Conecef. Para que possamos conquistar ainda mais, é essencial que todos os segmentos da CAIXA estejam representados. Por isso, convidamos todas e todos a participar do Encontro", afirmou. (Com o SEEBMG)

Repórteres fazem curso do INSI e recebem instruções de segurança

                                                  

Jornalistas de diversas empresas de comunicação de Belo Horizonte participaram na manhã desta quarta-feira, 28/5/14, do curso Safety, Security Awareness and First Aid, realizado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) com o objetivo de difundir normas e práticas de segurança para jornalistas que vão cobrir os protestos durante a Copa do Mundo.

A oficina, com duração de três horas, foi ministrada por um aconselhador de segurança, inglês, e um instrutor brasileiro do INSI – International News Safety Institute, organismo com sede na Inglaterra e que há dez anos dedica-se a treinamentos de segurança para profissionais de imprensa. Fizeram o curso repórteres e fotógrafos dos jornais Hoje em Dia, Estado de Minas, Metro, rádios Itatiaia e Alvorada FM, TV Alterosa, Assembleia Legislativa de Minas Gerais e freelancers.

O aconselhador de segurança, que trabalha em resgate de jornalistas em situação de perigo, em qualquer parte do mundo e por isso não tem nome nem imagem divulgados, falou sobre riscos e perigos da profissão de jornalista. “Existe uma ameaça potencial no exercício do jornalismo. Você tem de entender que o risco é real. Se você fala ou escreve histórias, pode desagradar alguém e estará em risco”, disse. A partir desse alerta, o aconselhador do INSI passou a dar instruções sobre como os jornalistas devem se portar nas coberturas que envolvam multidões e polícia. 

Em resumo, concluiu, que duas coisas devem ser consideradas nessas coberturas: “Primeiro, nunca fique isolado. Você sozinho é um alvo. Segundo, você precisa entender que faz parte de uma comunidade internacional”. E exemplificou: “Quando Salvador foi ferido, recebeu os primeiros socorros de jornalistas da BBC de Londres”. Salvador Ilídio Andrade era repórter cinematográfico da Rede Band e morreu vítima de um foguete modificado, na cobertura de conflitos no Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano.

Herculano Almeida Barreto Filho, repórter do jornal “O Dia”, do Rio de Janeiro, instrutor do INSI, também passou instruções para a plateia. Ele destacou a importância do planejamento antes de sair da redação para a cobertura de pautas de risco e da observação do local onde os fatos se desenrolam. Respondendo a pergunta do repórter Daniel Camargo, do jornal “Estado de Minas”, sobre qual era o termômetro para se medir o risco, Barreto Filho explicou a teoria do Código de Cores Cooper.

Segundo o estudioso de segurança Jeff Cooper, o estado de atenção diante do risco varia do branco ao vermelho, sendo que o branco refere-se ao estado de calma e o vermelho à adrenalina, quando se está pronto para enfrentar ou escapar do perigo. Este último estado, explicou Barreto Filho, é quando o jornalista tem de definir entre o furo e o risco. E somente o profissional, aplicando os conhecimentos aprendidos no workshop poderá decidir.

A repórter Edilene Lopes, da Rádio Itatiaia, agradeceu ao Sindicato pela iniciativa e elogiou os professores. “A oficina foi muito boa. Superou minhas expectativas. Normalmente tenho ressalvas a fazer a esse tipo de atividade, mas foi importante porque agregou conhecimentos que vamos empregar na rua”, disse.

A realização da oficina Safety, Security Awareness and First Aid teve o apoio do Sindicato das Empresas Proprietárias e Jornais e Revistas de Belo Horizonte e do Sindicato das Empresas de Rádio e TV de Minas Gerais (Sert-MG).

Recomendações de segurança para cobertura de protestos

O INSI reúne membros de grupos de comunicação e associações de jornalistas em todo mundo, entre eles a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que traduziu as orientações do INSI para jornalistas que atuam na cobertura de protestos. A lista pode (e deve) ser adaptada de acordo com as peculiaridades de cada veículo e jornalista, a adoção de uma ou outra medida é uma opção. É importante que cada redação discuta normas de segurança antes de enviar as equipes para a rua. A seguir, as recomendações.

1. Antes de sair a campo

- Certifique-se de que sua credencial está à mão e é válida. Alternativamente, esteja com sua identificação profissional (crachá da empresa ou similar).

- Pode ser útil alertar as autoridades de que sua organização de mídia planeja cobrir os protestos, se for apro

priado e se isso não representar perigo para você. Tenha à mão o contato (preferencialmente, o celular) da pessoa responsável na empresa/veículo; quanto mais graduado, melhor (editor, chefe de reportagem etc.).

- Leve equipamento de proteção. Podem ser: capacetes (capacete de ciclista é uma opção acessível), máscaras com purificador de ar, respiradores de fuga e/ou coletes à prova de balas com placas de proteção extra. Escolha de acordo com as armas usadas pela polícia local para controlar a multidão.

- No caso de gás lacrimogênio, use uma máscara com purificador ou um respirador de fuga (se disponíveis) para proteger seus olhos e pulmões. Se você planeja levar esse equipamento, certifique-se de que tem a versão/filtro apropriados para gases, não apenas para partículas.

- Se você não tem acesso a esses equipamentos, a melhor alternativa é máscara com purificadores e respiradores de meia-face ou descartáveis, que é mais barata.

- Se você não tem acesso a nenhuma das opções anteriores, use um pano seco sobre a boca para te

ntar proteger seus pulmões e saia de perto o quanto antes. Considere usar óculos de proteção. Mulheres: considerem não usar maquiagem, pois o gás adere a ela.

- Se você não tiver um pano seco ao alcance, puxe sua blusa para cobrir o nariz e a boca e assim proteger o fluxo de ar. O ar no lado de fora da blusa provavelmente estará contaminado pelo gás.

- Procure não usar lentes de contato, já que o gás lacrimogênio entra por baixo delas.

- Use calçados confortáveis, com os quais você possa correr.

- Use tecidos naturais, pois são menos inflamáveis que os sintéticos.

- Prepare uma mochila com suprimentos suficientes para um dia: capa de chuva leve, alimentos leves e água, baterias de reserva para equipamentos eletrônicos, equipamento de proteção.

- Não coloque bolsas ao redor do pescoço nem leve nada que não possa carregar com você.

- Use um porta-documentos amarrado ao corpo sob a roupa. Também pode ser uma tornozeleira que comporte dinheiro, celular extra, cartões extras e bateria. Mulheres: o sutiã pode ser uma alternativa.

- Leve um kit de primeiros-socorros e esteja apto a usá-lo.

- Carregue uma cópia de sua credencial ou identificação de profissional da imprensa e os números de tel

efone de seu editor e de seu advogado (ou advogado da empresa). Certifique-se de que seu editor saberá quem (família, amigos) e como contatar no caso de você ser preso ou ferido.

- Configure um número de emergência para discagem rápida em seu celular.

- Se possível, estude o mapa da área antes de ir a campo. Considere filmar o local previamente a partir de lugares

 altos.

- Faça um exercício mental de “e se?” - e planeje o que você pode fazer em cada situação imaginada. Não saia a esmo, sem qualquer planejamento.

- Combine um ponto de encontro com sua equipe, caso vocês se percam, e um lugar seguro para onde ir caso 

a situação fique muito perigosa.

2. Em campo

- Tente não ir sozinho. Se puder, leve alguém para vigiar a retaguarda enquanto você fotografa.

- Assim que chegar, procure por rotas de fuga e certifique-se de que saberá para onde ir se perder a orientação.

- Tente permanecer às margens da multidão e não fique entre policiais e manifestantes.

- Mova-se vagarosamente em meio as multidões e siga o fluxo, se possível.

- Mantenha uma postura firme e use as mãos para abrir caminho, como se estivesse nadando em meio às pess

oas.

- Multidões têm vida própria. Esteja sempre atento ao humor e à atitude geral.

- Avise seus editores se o humor começar a mudar e comece a pensar em um plano.

- Se planejar mudar de direção, verifique a situação de lá com pessoas que estejam vindo de onde você pretende ir.

- Equipes de TV devem carregar o mínimo de equipamentos possível. Ao identificar possibilidade de agressão, c

ertifique-se de que sua mochila é grande o suficiente para colocar o tripé e guarde-o. Esteja preparado para deixá-lo para trás se precisar fugir.

- Carregue sua mochila à sua frente, assim você pode vê-la o tempo todo.

3. Quando os ânimos se exaltam

- Evite cavalos. Eles mordem e, obviamente, dão coices.

- Evite ficar na linha de tiro de canhões de água, pois podem danificar seu equipamento. E muitas vezes têm corantes, para que as forças de segurança identifiquem os manifestantes depois.

- Fique contra o vento em situações de gás lacrimogênio e mantenha-se o mais abaixado que puder, para ficar abaixo da névoa do gás, que tende a subir. Assim que a área estiver limpa, ou você tiver mudado de lugar, procure ficar parado por um tempo com as pernas afastadas, os braços abertos e o rosto voltado para o vento até que os efeitos do gás passem. Isso permitirá que o vento sopre o gás das roupas e garante que você receba bastante ar fresco.

- Não use vinagre. Não funciona. Use água.

- Lave suas roupas o quanto antes ou o gás ficará nelas por muitos meses. Isso também vale para ca

pas de microfones e fones de ouvido.

- Se a polícia o prender, tente pedir para ligar para sua chefia. Tente falar com um oficial superior, pois isto terá mais impacto. Ligue para seu editor, cheque se a empresa disponibiliza serviço jurídico.

- Evite situações de violência, se você puder, e afaste-se para filmar, se necessário.

- Fique de olho nas movimentações da polícia. Veja qual é o calibre e o alcance das armas à distância para antever o próximo nível que o embate com os manifestantes atingirá.

- Cuidado com táticas como o "encurralamento" – a polícia direciona a multidão para um local restrito que não permite a dispersão. Cuidado para não ser pego no meio.

 Observe as ruas do entorno. Os policiais geralmente vão se reunindo por ali; tente perceber para onde estão indo

Após aprovação, PEC do Trabalho Escravo já corre risco de resultar em retrocesso

                                                                 

Diego Sartorato, Gisele Brito e Hylda Cavalcanti
Da Rede Brasil Atual

A aprovação pelo Senado da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Trabalho Escravo, que decidiu pela expropriação de propriedades rurais e urbanas de empregadores culpados de utilização de trabalho escravo ou análogo à escravidão, foi celebrada como um avanço político e social histórico por ativistas e organizações ligados aos direitos humanos, mas não foi o ponto final do debate.

Depois de 15 anos de tramitação no Congresso Nacional, com episódios de alta tensão com a bancada de representantes do agronegócio, o grito de comemoração de alguns dos entusiastas da PEC ficará preso na garganta, ao menos por enquanto. Em Brasília e em São Paulo, o dia seguinte à aprovação foi marcado por leituras divergentes, do total pessimismo ao entusiasmo. Para que a mudança constitucional possa ser posta em prática, uma lei específica deve regulamentar de que forma, na prática, as expropriações vão ocorrer e como os bens e recursos recolhidos pelo poder público dessa forma serão direcionados à promoção da reforma agrária.

Aí começam os problemas. Nem mesmo dentro da base aliada de Dilma Rousseff há consenso sobre a necessidade de debater agora a regulamentação, um antigo pedido da bancada ruralista. O debate gira em torno do Projeto de Lei do Senado (PLS) 432, de 2013, formulado por uma comissão encabeçada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) para debater a consolidação da legislação federal e da Constituição. 

O projeto não regulamenta apenas os mecanismos de aplicação da lei, mas inclui, por indicação da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presidenta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, uma descrição "oficial" do que deverá ser considerado o trabalho escravo para efeito da nova legislação.

Jucá, relator da proposta, afirma que desde a última semana, quando foram iniciadas as negociações para votação da PEC, também começou a ser negociada a votação do PLS em caráter imediato. “Não vou dizer que há consenso, mas as negociações estão bem encaminhadas. 

Estou trabalhando para que a matéria seja votada e para buscar um texto que agrade, ao mesmo tempo, todos os que vinham defendendo a aprovação da PEC e as bancadas da agricultura e ruralista, que durante anos se posicionaram contrários à proposta. 

A lei tem que ser dura e definir de forma clara o que é trabalho escravo, para que não sejam cometidas injustiças. Temos que coibir este crime de modo firme, mas também precisamos definir bem esse conceito”, disse Jucá, representante de um estado com forte influência do agronegócio.

Contra ele pesa ainda o papel de ter sido um dos principais negociadores de pontos da PEC das Domésticas, aprovada em abril do ano passado e até hoje sem regulamentação de alguns pontos importantes. E contra a bancada do agronegócio pesam os 15 anos de ferrenha oposição ao texto e a força dentro do Congresso, com capacidade para mobilizar ao menos um terço dos parlamentares. 

O projeto redigido pelos senadores considera que a escravidão existe nas relações de trabalho em que o empregado tem restringido o seu direito de locomoção, é envolvido pelo patrão em dívidas impagáveis ou é forçado a trabalhar por meio de agressões físicas e psicológicas, pelo isolamento geográfico ou por meio da retenção de documentos. Essa definição é menos abrangente do que a prevista atualmente no artigo 149 do Código Penal, que, além dessas mesmas condições, caracteriza o trabalho escravo também pelas condições degradantes de trabalho e pelas jornadas extenuantes.

Dessa forma, a aplicação das novas regras para punição de escravagistas ficaria prejudicada sobretudo nos meios urbanos, onde os setores têxtil e da construção civil acumulam inúmeros casos de abuso contra imigrantes que chegam às grandes cidades em busca de oportunidades de trabalho, mas acabam sendo vítimas de "contratos" de trabalho absolutamente precarizados. 

No último ano, pela primeira vez os flagrantes de escravidão em meio urbano superaram os do meio rural. No caso desses trabalhadores, o problema é principalmente a soma de jornada exaustiva (com casos registrados de até 16 horas de trabalho por dia) e condições degradantes, condições ausentes da proposta de Jucá.

A aprovação do projeto abriria ainda o precedente para que o Senado pudesse rediscutir o Código Penal, de forma a uniformizar as definições legais de trabalho escravo de acordo com o critério mais restrito do novo texto e retroceder a legislação atual sobre o assunto, que é considerada "de vanguarda" pela relatoria especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o tema.

O senador Paulo Paim (PT-RS), vice-líder do PT no Senado, nega que o governo tenha dado aval ao acordo sugerido por Jucá para garantir a votação. "A presidenta Dilma, a ministra de Direitos Humanos (Ideli Salvatti) e o ministro do Trabalho (Manoel Dias) foram muito hábeis ao pautar este assunto neste momento. O outro lado, que não morre de amores pela proposta, não pôde absorver o ônus eleitoral de ir contra a PEC. Foi uma estratégia corajosa e bem-sucedida", pondera. "Não existe acordo conosco. Trabalho escravo você não 'regulamenta', você proíbe. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Consolidação das Leis do trabalho (CLT) já asseguram a proteção contra a escravidão.”

Ainda de acordo com Paim, é cedo para falar em votar a regulamentação das novas punições contra o trabalho escravo, com ou sem os artigos que tentam redefinir os conceitos legais do trabalho escravo ou análogo à escravidão. "É necessário debater os aspectos práticos das novas punições, não há por que ter pressa para regulamentar. Não vejo necessidade de realizar essa votação em 2014", avalia. 

Já o líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE), afirma que o partido está disposto a fazer os ajustes que são necessários ao texto do PLS. Para ele, o ideal é chegar a um consenso nos próximos dias e levar a matéria a votação na próxima semana. Segundo Costa, o PT não quer que a lei tenha duplo sentido, nem para que os proprietários reclamem de terem sido injustiçados, nem também para deixar “frouxo demais” o que significa trabalho escravo e impedir que este crime seja punido com o rigor que deve ter. O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), é outro que defende a apreciação do projeto rapidamente, postura encampada também pela articuladora da aprovação da PEC pelo Executivo. 

A ministra Ideli Salvatti deixou claro que a matéria continua sendo tida como prioritária para o governo Dilma. Segundo ela, a PEC, juntamente com a sua regulamentação, deixará o Brasil numa situação de protagonismo mundial em relação ao tema. “Estamos muito satisfeitos de participar da 103ª Conferência Internacional do Trabalho tendo a emenda sobre o assunto promulgada pelo Congresso”, ressaltou a ministra. A conferência será realizada em Genebra pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O deputado Moreira Mendes (PSD-RO), representante da bancada ruralista, que diz ser favorável à votação também rapidamente, deixou claro como pensa a sua bancada. “Não queremos passar a mão sobre nada nem somos a favor do trabalho escravo. Essa história foi plantada para criar uma falsa imagem dos agricultores e produtores rurais no país. O que não queremos é que qualquer fiscal passe a ter o direito de expropriar uma fazenda por considerar que lá se pratica trabalho escravo. 

Se um trabalhador estiver comendo embaixo de uma árvore ou bebendo água de um poço que esteja sujo, isso pode ser considerado trabalho escravo? Já tivemos casos de fiscais que consideraram dessa forma. Precisamos acabar com essa subjetividade e deixar o conceito de forma clara para todos”, colocou. “Tomar o que é dos outros por questão ideológica não está correto. Somos e seremos contra isso.”

Por conta de depoimentos como o de Mendes, alguns parlamentares ponderam que seria melhor dar mais tempo para o Senado decidir sobre a matéria. É a visão da senadora Ana Rita (PT-ES), presidenta da comissão de Direitos Humanos do Senado, para quem não deve haver pressa no debate. “A regulamentação não pode significar retrocesso à PEC. E o texto, do jeito que está atualmente, significa retrocesso. Então, precisamos de um melhor debate”, defendeu.

Fora do Congresso, a notícia da aprovação da PEC foi recebida com reticência por quem acompanha o tema. “Embora tenha sido um grande avanço, depois de 15 anos de tramitação, muita gente entende que ainda não há o que comemorar. A questão só pode ser dada como vitoriosa, mesmo, depois da aprovação da lei que regulamenta a PEC”, afirmou um fiscal do trabalho.

Elizabete Flores, da coordenação da Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), concorda que a regulamentação que suaviza o conceito de trabalho escravo ou análogo à escravidão é um retrocesso: seria uma forma de fazer desaparecer o trabalho escravo no Brasil pela "canetada". "Estamos nos articulando, buscando apoio junto a outras entidades, como a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para não deixar que essa regulamentação passe", afirma.

"A PEC remete para uma regulamentação e não há nada de estranho nisso. O problema é a regulamentação que defendem os empregadores. Aí nós somos terminantemente contra. E vamos lutar nesse segundo momento para que não haja um retrocesso. A aprovação é um grande avanço, mas não pode originar um retrocesso", concorda Rosa Maria Campos Jorge, presidenta do Sindicato Nacional dos Auditores, funcionários que realizam a fiscalização das condições de trabalho.

Os fiscais também estão na mira da bancada ruralista: os porta-vozes do agronegócio afirmam que os recursos contra os relatórios de inspeção dos auditores são julgados pelos próprios auditores, e que, por isso, nunca seriam aprovados. Para Kátia Abreu, cuja família foi formalmente denunciada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por promoção do trabalho análogo à escravidão em 2010, "o agricultor está à mercê da má-fé dos auditores" e corre o risco de ter terras confiscadas sem direito a defender-se. Ela quer alterações na lei que coloquem os recursos sob julgamento de órgão externo ao Ministério do Trabalho.

"A crítica é completamente infundada. O auditor age no estrito cumprimento da lei. Não há poder, há dever por parte do auditor. Quando ele faz uma operação de combate ao trabalho escravo, ele faz um flagrante, documenta isso de todas as formas possíveis. Filmagens, colhe depoimentos do empregador e trabalhador, normalmente acompanhando pelo Ministério Público. Tudo muito bem fundamentado. Então não há tanto poder como falam, é um argumento que usam contra o trabalho da auditoria", (Com o MST)

O que você precisa saber sobre os índios

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Movimento dos Trabalhadores sem Teto

Grupo em condição de trabalho escravo é libertado em Caratinga

                                                                               
                                                                                         Diego Souza
Vinte trabalhadores de Jenipapo de Minas estavam em situação degradante.

Eles foram liberados e viajarão para o Vale do Jequitinhonha.

Diego Souza

Do G1 Vales de Minas Gerais

Vinte trabalhadores em condições análogas a de escravos foram libertados de uma lavoura de café, a aproximadamente 35 quilômetros de Caratinga, no Leste de Minas Gerais, na manhã de quarta-feira (28). Uma denúncia dos próprios trabalhadores levaram os fiscais do Ministério do Trabalho até a fazenda onde havia a lavoura de café. Um ônibus esteve no local e levou os trabalhadores para Caratinga.

Os trabalhadores estavam no local há 14 dias. Eles são da cidade de Jenipapo de Minas, no Vale do Jequitinhonha, a aproximadamente 500 quilômetros de Caratinga. Em um imóvel com cerca de 100m², 16 pessoas viviam em condições degradantes, entre eles um adolescente de 16 anos. Na última semana, dois trabalhadores foram até Caratinga e fizeram uma denúncia no Ministério do Trabalho.

“Dois dos trabalhadores estiveram há cerca de uma semana em Caratinga e nos informaram das condições, ou melhor, da falta de condições que encontraram quando chegaram para trabalhar no dia 14 deste mês. Além disso, nenhum deles tinha registro em carteira. A situação encontrada no local caracteriza um trabalho degradante pela situação que os trabalhadores estavam alojados”, explica Carlos Paixão, auditor-fiscal.

O grupo de trabalhadores foi seduzido por uma proposta de trabalho na lavoura de café que duraria pelo menos até o mês de setembro. Ao chegar no local eles perceberam aquilo que havia sido combinado não seria cumprido. Um dos trabalhadores que fez a denúncia no Ministério do Trabalho é Ângelo Gomes Ribeiro, de 27 anos.Ele disse que tudo que havia sido acordado não foi cumprido.

“Uma pessoa que seria o representante do dono da fazenda foi quem combinou com um agente em Jenipapo. Este agente receberia um percentual nos valores que receberíamos para nos indicar. A nossa expectativa era de um faturamento diário de até R$ 160, de acordo com aquilo que havíamos acordado com o agente. Mas quando chegamos recebíamos R$ 30 por dia e ainda eram descontados R$ 10 da nossa alimentação. Nem a nossa carteira de trabalho que ele prometeu assinar e ele fez”, afirma Ângelo Ribeiro.
Em outro imóvel, dois casais que também fazia parte do grupo de trabalhadores enfrentavam os mesmos problemas. Houveram dias em que os trabalhadores foram impedidos até de comer, diz Ângelo.

“Assim que vimos que as coisas não estavam sendo cumpridas fomos reclamar com o representante do dono da fazenda. O dono mesmo é um médico que nunca esteve aqui para falar conosco. Depois que reclamamos, o representante veio até a casa e trancou os alimentos. Ficamos dois dias sem comer. Numa destas noites, tivemos que sair do imóvel durante a madrugada porque a instalação do chuveiro começou a pegar fogo. Fizemos uma fogueira e ficamos ao relento com medo de um incêndio”, revela Ângelo Ribeiro.

Segundo o auditor-fiscal Carlos Paixão, os trabalhadores serão encaminhados de volta à Jenipapo de Minas na noite desta quinta-feira (29).

Dados do ministério tabulados pelo G1 recentemente mostram que, contabilizados os últimos cinco anos, Minas Gerais lidera o ranking tanto de libertações como de trabalhadores aliciados.

Minas registra 2 mil pessoas resgatadas no período. Logo atrás está o Pará, com 1.808. Goiás, com 1.315, São Paulo, com 916, e Tocantins, com 913, compõem o grupo dos cinco mais. Com o G1)

SindUTE: educadores permanecem em greve

                                      

       Decisão foi votada em Assembleia Estadual

Permanece a greve, por tempo indeterminado, dos educadores mineiros, coordenada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG). A decisão foi votada na Assembleia Estadual da categoria, no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), por cerca de 1.500 trabalhadores em educação, vindos de todas as regiões. Os educadores saíram em passeata com destino Av.  Afonso Pena, no centro da capital, onde se uniram ao movimento da rede pública municipal.

O movimento teve início dia 21 de maio, em todo o Estado e,desde o começo da greve, os trabalhadores em educação de Minas Gerais realizaram assembleias locais e mobilizações por todo o Estado, para reforçar a reivindicação da categoria por abertura de negociação com o governo.

Para a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira (foto), a greve é a maneira que a categoria tem de pressionar o governo do Estado a abrir negociação. Isso porque, apesar de a pauta de reivindicações ter sido protocolada no dia 31 janeiro, até o momento, a Secretaria de Estado da Educação não se posicionou, sequer agendou uma reunião para discutir as questões com a categoria.

Nesta quarta-feira (28/05), pela manhã, centenas de educadores fecharam a BR/040, entrada de Belo Horizonte, nas proximidades da Ceasa, e a BR/381, na altura do Posto 13 em protesto. No final da manhã, a paralisação aconteceu na BR/040, próximo ao Posto Chefão.

                                         
                                                                  O Tempo/Reprodução

A campanha salarial educacional 2014 conta com extensa pauta. Entre as questões estão o descongelamento da carreira, o pagamento do Piso Nacional Profissional, a nomeação dos concursados e solução para os efetivados sem concurso pela Lei 100/2007, considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e que atingiu cerca de 98 mil trabalhadores em educação.

“A estratégia do governo do Estado é a de não negociar. Já avisou que não vai ter modificação na carreira ou vai discutir reajuste antes de outubro. O momento é agora ou só teremos chance de conquistas em 2015”, afirma Beatriz Cerqueira.

Manifestações

Em Campo Belo, educadores e estudantes pararam as atividades no dia 23/05 e fizeram passeata pelas principais ruas da cidade, com concentração na Praça dos Expedicionários. A manifestação reuniu mais de 500 pessoas, que contou com a participação de educadores de Candeias e Perdões.

Em Caxambu, trabalhadores em educação da rede estadual se reuniram em assembleia regional para debater a situação à qual se encontra a categoria, os problemas e os desafios, como a falta de diálogo do governo acerca das demandas apresentadas pelos trabalhadores em educação. A assembleia contou com representantes da categoria de Caxambu, Baependi, Serranos e Seritinga.

Uma nova assembleia regional será realizada amanhã, em Caxambu. O Sind-UTE Subsede Poços de Caldas realizou assembleia no dia 27/05, na Rua Assis Figueiredo, 1.390, centro da cidade.

Na região do Barreiro/Belo Horizonte, a mobilização da categoria continua crescendo com o registro de paralisação parcial de cerca de 30% das 23 escolas estaduais. Segundo o diretor do Sind-UTE Subsede Barreiro, professor Max Fredson de Souza Mol, no sábado (24/05), foi feita uma carreata pelas ruas do centro do Barreiro e na porta das escolas, chamando a sociedade para o movimento dos educadores.

Na segunda-feira (26/05), o Sind-UTE Subsede Barreiro realizou panfletagem nas ruas e no restaurante popular, além de visitas às escolas do Barreiro e Ibirité.   Boa parte dos estudantes da Escola Estadual Carmo Giffoni se recusou a entrar na escola, em apoio aos professores, e saíram em passeata até a Escola Estadual João Paulo, onde conseguiram a adesão de mais estudantes, seguinte até a Escola Estadual Imperatriz Pimenta. Os estudantes portavam cartazes e houve muito apitaço.

Em Venda Nova/Belo Horizonte, a paralisação parcial já atingiu 32 das 41 escolas estudais da região. Nessa segunda-feira (26.05), os educadores, coordenados pelo Sind-UTE, realizaram passeata pelas ruas e fizeram visita às escolas.

Em Uberlândia, os trabalhadores em educação se mobilizaram usando roupas pretas e faixas, demonstrando a insatisfação com os salários e reivindicaram plano de cargos e carreira para a categoria.

Nessa terça-feira (27/05), houve ato público dos educadores na porta da Superintendência Regional de Ensino, ao lado da Escola Estadual René Gianetti, em apoio à luta dos trabalhadores em educação da Rede Estadual.

Os educadores realizam nova Assembleia Estadual na próxima quarta-feira (04/06), a partir das 14h, no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na capital mineira.



TODOS À GREVE

terça-feira, 27 de maio de 2014

Força Sindical: "Não aceitamos as tentativas de setores do governo que querem criminalizar os movimentos sociais"

                                                                               
"A direção da Força Sindical vem a público repudiar as tentativas, com ranço autoritário, de inibir e criminalizar os movimentos sociais no País. Artifícios como multar, e buscar soluções nas instâncias da Justiça, é uma forma ditatorial de amordaçar as legítimas manifestações organizadas pelos sindicatos, associações e movimentos populares.

O governo, atropelado pela pressa, está, infelizmente, caindo no terreno da intolerância, através de suas atitudes com viés autoritário, para calar as livres e legítimas manifestações de rua. A prisão do líder do movimento grevista dos policiais da Bahia, bem como bloquear contas de associações de policiais de Pernambuco, são atitudes típicas de um governo que não aceita as livres manifestações.

Não restam dúvidas de que tais atitudes nada mais são do que tentativas do governo de reprimir as demandas da população. Aproveitando-se do atual momento de aumento de legítimas greves e atos por melhorias no País, setores do governo visam unicamente criminalizar as manifestações e atos públicos reivindicatórios.

O bom senso pede que as ações sejam debatidas com racionalidade, baseadas no princípio da razoabilidade. O governo precisa entender que a livre manifestação é um dos princípios da democracia, que tem como um de seus pilares o debate ao contraditório.

Vale ressaltar que a livre manifestação está resguardada na Constituição brasileira. É importante destacar que vandalismo em atos públicos, ou em quaisquer outras situações, são inaceitáveis. Precisamos estar vacinados contra o vírus das tentações autoritárias.
A Força Sindical defende manifestações democráticas e pacíficas, como as que realiza há mais de 22 anos.

Miguel Torres – Presidente da Força Sindical"

Em Ibirité greve de servidores da saúde termina com vitória

                                                         
Depois de 14 dias de greve, os servidores da saúde de Ibirité decidiram retornar ao trabalho com o avanço nas negociações com a prefeitura. Os trabalhadores conquistaram, além dos 6% de reajuste salarial, aumento da cesta-servidor de R$60,00 para R$80,00, ampliação da margem salarial de quem recebe o benefício e os servidores que recebem cerca de R$ 860,00 não terão mais desconto do vale-transporte no contracheque. O governo promete ainda estudar nova proposta de reajuste da cesta-servidor em janeiro/fevereiro de 2015.

Os avanços obtidos passam a valer a partir de Maio/2014, os valores serão recebidos no próximo mês retroativo a maio.

Outro ganho de greve é a sinalização do Plano de Carreiras. Este será um grande avanço para a categoria e o governo afirmou que fará as comissões com representantes da gestão e dos trabalhadores para discutir a implementação do Plano de Carreiras. 

A comissão será criada o mais rápido possível para iniciar os trabalhos. As discussões devem acontecer até o fim deste ano. O Sindicato irá organizar a eleição dos representantes dos trabalhadores que serão escolhidos pela categoria.

A reunião de negociação aconteceu nesta sexta-feira (23/05) com o prefeito de Ibirité, Antonio Pinheiro Neto, secretório de Governo Edilson, procurador Municipal Fernando e Sind-Saúde Núcleo Regional Betim e representantes dos servidores da saúde. Ao final da reunião a secretária de saúde Nádia também participou da negociação.

Sem repressão

Durantes as negociações, conseguiu-se retomar com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS e (são só os ACS) que haviam sido demitidos arbitrariamente. O governo ainda prometeu que não acontecerá nenhuma perseguição aos servidores que aderiram à greve.

Para os ACS e ACE foi afirmando ainda que o Piso Salarial em tramitação no Congresso Nacional será repassado aos agentes de Ibirité assim que a lei estiver sancionada pela presidenta Dilma.

Esse movimento dos trabalhadores que realizou a primeira greve da saúde na cidade foi vitorioso e já faz parte da história dos trabalhadores da cidade. A organização da categoria é o primeiro passo para conseguir valorização e os servidores de Ibirité iniciaram este caminho em 2014. A gestão da cidade reconhece agora o poder da mobilização dos trabalhadores da saúde.

Foi acordado com a prefeitura que os dias parados não serão descontados no contracheque deste mês. Segundo a gestão, no próximo mês serão estabelecidas as datas para pagar os dias parados em cada setor o trabalhador deve se organizar junto com a chefia para pagar esses dias. 

A partir do próximo pagamento, a prefeitura efetuará o desconto de 02 (dois) dias por mês, a partir do momento que o servidor pagar o dia de greve, não serão descontados esses dias, caso o servidor opte por não pagar os dias, serão descontados dois dias a cada mês. (Com o Sind-Saúde)

Segurança para Jornalistas


Greves estouram no 5º Maio de Resistência


Nesta quarta, às 14h, assembleia estadual dos trabalhadores do ensino

                                                   


Educadores, em greve, fazem manifestação pela abertura de negociação com o governo

A categoria realiza Assembleia Estadual amanhã (28/05), às 14h, no pátio da ALMG. Trabalhadores e trabalhadoras da educação do Estado de Minas Gerais, em greve por tempo indeterminado, desde o dia 21/05, realizam assembleias locais e mobilizações por todo o Estado. Em CAMPO BELO, professores e estudantes pararam as atividades no dia 23/05 e fizeram passeata pelas principais ruas da cidade, com concentração na Praça dos Expedicionários.

ORIENTAÇÕES SOBRE A GREVE

Direito de Greve

Todos os servidores públicos têm direito ao exercício da greve. Este direito está expressamente contido na Constituição Federal, no artigo 37, inciso VII.

As faltas advindas da paralisação de greve não se confundem com faltas injustificadas. Em outras palavras, as faltas-greve não estão sujeitas a aplicação de sanções administrativas e não podem levar os servidores à demissão, suspensão, repreensão ou qualquer outra penalidade administrativa.

Deste modo, nenhum servidor – efetivo, efetivado ou designado - pode ser punido pela simples participação na greve, até porque o próprio Supremo Tribunal Federal (STF) entende que a simples adesão à greve não constitui falta grave, vejamos:

STF. SÚMULA 316 - "A simples adesão à greve não constitui falta grave."

O limite de faltas injustificadas não se aplica no caso de greve, uma vez que as faltas não são injustificadas.

O servidor designado não poderá sofrer rescisão de contrato por motivo de greve, sob pena de violação ao direito constitucional à greve.

O servidor que estiver em estágio probatório também poderá aderir à greve, uma vez que o STF possui entendimento uníssono de que não pode haver exoneração de servidor em estágio probatório que aderir ao movimento grevista. Greve é direito fundamental.

Qualquer conduta, ato ou ameaça de retaliação ou repreensão pelo fato do servidor aderir ao movimento grevista é inconstitucional, violando o Princípio da Liberdade Sindical, assegurado pelo artigo 8º da Constituição Federal e constitui crime contra liberdade de associação, nos termos do artigo 199 do Código Penal.

Caso o servidor se sinta pressionado, seja pela direção da escola, inspeção ou direção da SRE, deverá procurar a Subsede do Sind-UTE mais próxima da sua região para relatar o fato ocorrido, obter orientações e tomar as medidas necessárias.

Ressalte-se que o servidor que sofrer qualquer ato de discriminação, retaliação ou punição durante e após o movimento grevista, pode ser considerado vítima de assédio moral, conforme Lei Complementar 116/2011, além de outras medidas cabíveis.

Importante apontar que o servidor não precisa comunicar previamente à Escola, Superintendência ou qualquer outro órgão a sua participação na paralisação, uma vez que o Estado de Minas Gerais já foi previamente comunicado do início da greve a partir do dia 21 de maio. Recomenda-se ainda, que o servidor não formalize nenhum documento quanto à paralisação.

De acordo com a Resolução SEE 2.197 de 26 de outubro de 2012, "considera-se dia letivo aquele em que professores e alunos desenvolverem atividades de ensino-aprendizagem, de caráter obrigatório, independentemente do local onde sejam ministradas." Assim constitui prática ilegal que quaisquer outros cargos assumam as salas de aula para evitar dispensa de aluno durante a greve. Ainda é vedada a substituição do trabalhador em greve conforme previsto na Lei 7.883/89.

ASSÉDIO MORAL NA ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL (LEI COMPLEMENTAR 116/2011)

O Assédio Moral

O assédio moral é caracterizado por atos abusivos através de gestos, palavras, escritos, comportamentos e atitudes agressivas que têm como intenção desmoralizar a dignidade e a integridade física ou psíquica do assediado, tornando o ambiente de trabalho hostil e desagradável.

O Assédio Moral na Lei Complementar 116/2011

Considera-se assédio moral, para os efeitos desta Lei Complementar, a conduta de agente público que tenha por objetivo ou efeito degradar as condições de trabalho de outro agente público, atentar contra seus direitos ou sua dignidade, comprometer sua saúde física ou mental ou seu desenvolvimento profissional. (Artigo 3° Lei Complementar 116, de 11/01/2011).

Como ocorre

Na maioria dos casos, o agressor está em uma posição de liderança, enquanto o profissional assediado ocupa um cargo de subordinação, o que facilita a prática de manipulação e de humilhação. As agressões, caso sejam analisadas isoladamente, necessariamente não seriam muito graves, mas as suas incidências constantes acarretam danos gravíssimos à saúde física e psíquica do servidor.

Situações geradoras do Assédio Moral

A Lei Complementar 116/2011 estabeleceu um rol de modalidades (art. 3°, § 1°), citando algumas situações que podem caracterizar o assédio moral. Assim, por exemplo, situações em que o servidor sofrer isolamento de seus colegas de trabalho, de forma intencional ou tiver suas competências profissionais subestimadas em público são indicativos da ocorrência do assédio moral. A Lei Complementar estabeleceu também que preterir o agente público, em quaisquer escolhas, em função de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, posição social, preferência ou orientação política, sexual ou filosófica também se caracteriza como assédio moral. Importante salientar que o efeito provocado ao assediado, como o baixo rendimento funcional, podem ensejar novas críticas por parte do autor do assédio, dando início, assim, a um comportamento cíclico.

Indicadores da agressão

Alguns atos e frases podem indicar o assédio moral. Como exemplos podem ser citados gestos faciais e manuais de caráter pejorativo, com o fim de diminuir e humilhar o servidor público. Frases como: "você não fez direito porque sabe que não pode ser demitido"; "com você é sempre um problema novo"; por que com você é tudo sempre difícil?"

O Agressor

Na maioria das situações o agressor é um chefe, supervisor ou diretor dentro da hierarquia do local de trabalho, porém, há casos em que o agressor e o agredido estão no mesmo nível hierárquico. Nestes casos, os motivos que geram o assédio moral são variados, mas geralmente versam sobre inveja e rivalidades profissionais.

As consequências para o agredido

O assédio moral ataca diretamente a dignidade da pessoa humana e os direitos da personalidade. As tensões geradas pelas atitudes violentas do agressor resultam em prejuízos emocionais e físicos de todas as espécies. Com isso, a baixa auto-estima, o baixo rendimento no trabalho, nervosismo, ansiedade, tristeza são algumas das consequências que podem ser geradas. Em situações mais graves podem ocorrer problemas de saúde, sejam eles físicos ou emocionais.

Como proceder - Dicas

É importante ressaltar que o assédio moral não se baseia em um fato isolado e sim numa sequência frequente de ataques ao servidor. Com isso, algumas medidas a serem tomados são úteis para o agredido:

- Anotar com detalhes todas as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais você achar necessário).

- Procurar a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor.

- Evitar conversar com o agressor sem testemunhas. Ir sempre com um colega de trabalho ou representante sindical.

- Na hipótese de desconfiar de "ordens e tarefas" fazer requerimento e protocolar pedindo esclarecimentos sobre a tarefa determinada e a forma de sua execução.

- Caso o servidor tenha sua função e local de trabalho alterados, fazer requerimento e protocolar na Escola ou SER, solicitando justificativa das alterações ocorridas e os fundamentos para tal conduta.

- Procurar seu sindicato e relatar o acontecido e buscar mais orientações.

- Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para a recuperação da auto-estima, dignidade, identidade e cidadania.

Medidas legais

No caso de uma demanda judicial é importante que sejam reunidas todas as provas obtidas e o caso seja debatido com o advogado.

Importante

Caso você testemunhe alguma situação que possa caracterizar o assédio moral no trabalho, supere seu medo, seja solidário com seu colega. Pode acontecer de você ser "a próxima vítima" e, nesta hora, o apoio dos seus colegas também será precioso. O medo sempre é uma arma poderosa para o agressor!
 (Com o SindUTE)