domingo, 2 de novembro de 2014

A Petrobrás, a Corrupção e o Trabalhador Petroleiro

                                                


Silvio Sinedino

Nos últimos meses a Petrobrás vem sendo figura fácil nas reportagens jurídico-policiais devido às denúncias do ex-Diretor Paulo Roberto Costa, criminoso confesso e traidor da sua quadrilha.

Há vários aspectos a serem analisados em relação a essa questão, mas nos deteremos em dois: a vulnerabilidade da Petrobrás e a posição dos Trabalhadores petroleiros.

Paulo Roberto declarou (apesar de nenhuma prova das delações ter sido apresentada publicamente até agora!) que 3% de todos os grandes contratos eram desviados pela sua quadrilha. A ser verdade demonstraria uma grande fragilidade dos nossos controles internos e a vulnerabilidade total da Petrobrás à sanha dos corruptos.

Como entender que a Auditoria Interna não tenha sido capaz de identificar nenhum desses desvios? Eram mesmo indetectáveis? Como já tive oportunidade de escrever no meu blog (www.sinedino.com) no artigo, “A Solidão do Paulo Roberto”, se o esquema de corrupção existiu, e tudo indica que sim, com certeza há outros petroleiros envolvidos, ou alguém acha que é possível que seja armado um esquema de desvio gigantesco de valores por uma única pessoa e que não desperte a atenção de ninguém?

É do interesse dos Trabalhadores petroleiros que no decorrer da apuração das fraudes todos os envolvidos na quadrilha, dentro e fora da Companhia, sejam identificados e exemplarmente punidos, iniciando no País uma cultura, infelizmente ainda não estabelecida, do fim da impunidade dos grandes criminosos, especialmente os empresários. Hoje apenas “ladrões de galinha” são encontrados nos presídios.

Ao mesmo tempo nossos procedimentos administrativos deverão ser revistos, avaliando as falhas que permitiram os desvios e definindo mudanças que possam evitar a repetição das fraudes.

Os Trabalhadores petroleiros, na sua imensa maioria, estão sendo vítimas da generalização das denúncias do alcaguete premiado que tenta diminuir sua culpa atirando lama para todos os lados, como se dissesse “somos todos iguais”. Não, ex-Diretor Paulo Roberto, não somos todos iguais!

Lembramos ainda da sua passagem pela Bacia de Campos e sua atuação persecutória aos petroleiros que desafiavam sua gestão autoritária, e você é quem segurava e brandia o “chicote” das punições. Nós estávamos na outra ponta do chicote!

Já era conhecida a situação de constrangimento financeiro a que a Petrobrás está submetida pela política de preços do Governo que nos obriga ao subsídio dos combustíveis, o que é claramente de responsabilidade do Tesouro Nacional. Agora estamos sofrendo outro golpe pelo custo intangível da destruição da imagem da Companhia que vem sendo achincalhada pela mídia.

Mas, feita a apuração dos responsáveis, sua exclusão da Petrobrás e sua punição como todos defendemos, nos caberá resolver nossos outros grandes problemas:

• Investir pesadamente em segurança e treinamento para acabar com os acidentes com mortes;
• Acabar com o estrangulamento financeiro causado pelo congelamento de preços dos combustíveis imposto pelo Governo e que transfere lucros para as distribuidoras privadas;
• Mudar a política de desinvestimentos hoje comandada pela necessidade financeira;
• Ampliação do parque de refino para que agreguemos valor ao óleo do Pré-Sal;
• Respeito aos Contratos com os Aposentados e Pensionistas da Petros;
• Reverter a terceirização (especialmente as das atividades fim!) com a realização de mais Concursos Públicos e a efetivação dos já aprovados e ainda não chamados;
• Recomposição dos nossos efetivos operacionais que tiveram sua situação ainda mais agravada pelo recente PIDV;
• Coibir o assédio moral que ocorre em toda a Petrobrás e tem casos emblemáticos ainda não resolvidos;
• Aumentar o apoio às empresas genuinamente nacionais envolvidas com o “conteúdo nacional”.

A perspectiva de desenvolvimento e crescimento futuro da Petrobrás é muito promissora, pela competência técnica e dedicação dos seus Trabalhadores, pelos fabulosos campos petrolíferos de que dispomos em regime de partilha, como também pelo fato de sermos a operadora única do Pré-Sal, o que permitirá que a produção de óleo seja feita no ritmo do interesse da população brasileira e que, pela política de conteúdo nacional, possamos desenvolver também a indústria nacional de apoio à exploração de óleo e gás, o que nos protegerá da chamada “doença holandesa” que é o desenvolvimento apenas do setor primário da economia e a destruição de toda a indústria, como ocorreu na Holanda com a exploração do óleo do Mar do Norte.

Companheiros e Companheiras, não nos devemos deixar abater pela propaganda midiática que tenta nos transformar todos em corruptos. Pelo contrário, devemos apoiar e exigir a total apuração do escândalo, e saber diferenciar o que é crítica aos erros da Petrobrás do que é, na realidade, ataque dos seus eternos inimigos que nunca se conformaram que o povo brasileiro tivesse criado, no meio das ruas na Campanha “O Petróleo é Nosso”, uma Petrobrás vitoriosa e que, com justiça, é o orgulho de todos os brasileiros, o que só aumenta a nossa responsabilidade de Petroleiros!

(Com a Federação Nacional dos Trabalhadores Petroleiros)

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