terça-feira, 18 de novembro de 2014

Central bolivariana debate desafios da revolução na Venezuela

                                                  
De Caracas, Venezuela

Umberto Martins (*)

Foi no sábado (7) o 1º Congresso da Central dos Trabalhadores da Cidade, do Campo e da Pesca (CBST-CCP). O evento reúniu em Caracas 630 delegados e delegadas, representantes de 17 federações nacionais, organizadas por ramo de produção, 8 sindicatos nacionais, 24 seções estaduais da central e mais de uma centena de sindicatos locais.

A reunião ocorreu no momento em que o país ainda enfrenta o que os líderes bolivarianos caracterizam como “guerra econômica”, que teria sido desencadeada por parte do empresariado e é marcada pela especulação com o câmbio, a inflação e o desabastecimento. 

Um dos problemas centrais enfocado pelo congresso foi o desafio de estabelecer um novo modelo de produção no país, que possui as maiores reservas provadas de petróleo do mundo e cuja economia padece da chamada “doença holandesa” em função da excessiva dependência da renda extraída do subsolo e das plataformas, que desestimulou as atividades produtivas e provocou a desindustrialização.

O encontro dos sindicalistas foi aberto com um discurso do deputado da Assembleia Nacional Osvaldo Vera, que também integra a direção nacional da CBST-CCP. Ele criticou a “oligarquia parasitária” que ao longo da história se apropriou da renda do petróleo e, em aliança com as multinacionais e o governo dos EUA, promoveu a desindustrialização do país, consolidou um modelo social e político perverso e agora recorre à “guerra econômica” para desestabilizar e derrotar a revolução bolivariana, hoje liderada pelo presidente Nicolás Maduro. 

“A classe trabalhadora deve tomar em suas mãos a garantia da produção de bens e serviços”, enfatizou o parlamentar, depois de manifestar a convicção de que a “guerra econômica será ganha pela revolução e pelo povo, que é intensamente chavista”.

O ministro do Trabalho, Jesus Martinez, também fez um longo e emocionado pronunciamento, salientando a importância da integração latino-americana, que nem sempre foi devidamente compreendida pelas forças progressistas e de esquerda. 

“A escravidão ideológica que nos legou o imperialismo não nos permitia ver o que estava sendo construído. O imperialismo perdeu influência e território, perder território é perder matéria-prima, força de trabalho barata, que lhe permitia obter altas taxas de lucro. Presenciamos uma transformação fundamental na situação política internacional”, afirmou.

Comunismo

Martinez argumentou que, após a primeira eleição de Hugo Cháves em 1998, “nós reconquistamos a liberdade da Venezuela, e por isto digo que agora temos pátria. Nosso desafio neste momento histórico é o de conquistar o socialismo”. Acrescentou que a nova Constituição do país, elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte convocada por Cháves, aponta claramente o objetivo final de “construir uma sociedade sem classes sociais, que é uma sociedade comunista”.

“Vocês acreditam que uma sociedade dividida em classes sociais pode assegurar a justiça social ou pode mesmo garantir a paz entre as nações? Não pode, por isto nosso objetivo, o objetivo da classe trabalhadora na Venezuela e em todo o mundo, deve ser o de abolir a sociedade de classes. 

Para tanto precisamos transformar o caráter e o sentido do trabalho humano, que por natureza é um processo social e não individual. Ele deve servir à satisfação das necessidades sociais e não à acumulação de capital. É a classe trabalhadora, e não o capital, que deve se colocar à frente da organização e do processo social do trabalho, nós temos de caminhar nesta direção. Vamos transitar da economia rentista e parasitária para a economia produtiva socialista sob a direção da classe trabalhadora”, acrescentou.

“Temos consciência de que aqui, na pátria de Bolívar, Simon Rodrigues, Ezequiel Samora e Hugo Cháves, está em curso um processo ousado e avançado de transformação política, ideológica e social, cujo elevado e declarado objetivo é a construção de um novo Estado a serviço de uma sociedade socialista”.

“Observa-se aqui”, complementou, “uma luta de vida ou morte entre o velho sistema - respaldado pelo império, que resiste desesperadamente - e o novo, que ainda engatinhando enfrenta uma reação criminosa da burguesia venezuelana e do imperialismo. O desfecho vitorioso desta batalha também depende da elevação da consciência e do protagonismo político da classe trabalhadora. A Central Bolivariana Socialista dos Trabalhadores e Trabalhadoras muito contribui neste sentido".

(*) Umberto Martins é jornalista sindical (Com a Unidade Classista)

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