A comunidade mundial de jornalistas, preocupada com a alta taxa de crimes e ataques contra jornalistas e profissionais de mídia no México, promoveu uma missão da Federação Internacional de Jornalistas, que foi recebida de 9 a 11 de setembro, no Distrito Federal e no Estado Guerrero, o mesmo que tentou apoiar o trabalho da União Nacional dos Editores de Imprensa em um movimento contra as agressões. A missão reivindicou das autoridades mexicanas políticas de combate à violência contra jornalistas e à impunidade.
"Os ataques e agressões contra jornalistas são um ataque à democracia", disse Celso Schröder, vice-presidente da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e presidente da Federação de Jornalistas da América Latina e do Caribe (FEPALC), acrescentando que a FIP tem enviado missões a países com altas taxas de risco, como no caso do Iraque, Sri Lanka e na Somália. "Sim, nós estamos no México, porque faz parte deste grupo de países", disse ele.
A missão identificou uma articulação importante da sociedade no México, no sentido de promover a construção de mecanismos de proteção, como no caso do estado de Guerrero, que tem um fundo de apoio aos profissionais ameaçados ou agredidos.
Para Wolfgang Mayer, membro da União dos Jornalistas da Alemanha e Tesoureiro da FIJ, "o pior resultado da violência é o medo que impede a prática". Já Luis Menendez, membro da Federação de Associações de Jornalistas de Espanha e do Comitê Executivo da FIJ, destacou que, apesar de existir legislação contra este tipo de violência no México, os crimes e agressões contra profissionais de imprensa estão aumentando.
"O que está a falhar", questionou, defendendo que "não devemos apenas agir quando o ataque ocorreu, mas é um compromisso prioritário a prevenção". E Zuliana Lainez, vice-preisente da FEPALC, destacou que um dos maiores problemas no México é a impunidade. "Não há casos de jornalistas assassinados resolvidos. O México tem uma taxa de cerca de 98% de impunidade", disse.
A FIJ, depois de dez reuniões com funcionários da Câmara dos Deputados do Distrito Federal, Senado, com o procurador-geral da República, Governo do Estado do México, Comissão de Direitos Humanos do Estado de Guerrero, Governo de Guerrero e Câmara dos Deputados do mesmo estado, reconheceu a existência de mecanismos para proteger os jornalistas, no entanto, acredita que eles são desconexos, insuficientes e ineficazes para a magnitude do problema em todo o país.
Oficialmente há 114 ataques a jornalistas registrados no período de 2000 a 2014 no México. Segundo a FIJ esse número expressa apenas as agressões mais evidentes, mas o problema é maior. A entidade considera necessário acelerar os mecanismos de proteção aos jornalistas já existentes e iniciar uma luta frontal contra as condições precárias em que a profissão é exercida no México.
Tendo estabelecido este pano de fundo, a missão da FIJ emitiu comunicado onde:
1- dirige-se diretamente à Presidência da República para que assuma, nesse nível de governo, a articulação entre os diferentes atores, instrumentos de proteção, investigação e na luta contra a impunidade para crimes e ataques contra jornalistas e meios de comunicação;
2 - Demanda ao estado mexicano, como um sinal claro de vontade política para resolver esta situação, alocar recursos para permitir ao Estado financiar totalmente as instituições públicas e os mecanismos para a proteção de jornalistas e trabalhadores da comunicação social;
3 - Faz uma chamada para promover uma campanha nacional de sensibilização da sociedade para compreender o trabalho dos jornalistas e do jornalismo como um bem público e uma salvaguarda essencial da democracia. Esta campanha deve ser promovida pelos mecanismos de proteção, o Gabinete do Procurador-Geral, o Sindicato Nacional dos Editores de Imprensa e outras organizações que defendem e promovem a liberdade de expressão;
4 - Insta os empresários de mídia para assumir a responsabilidade de garantir a proteção, os salários e condições de trabalho para os jornalistas.
A missão cobrou uma amostra de vontade das autoridades para combater a impunidade, com a resolução de ao menos um caso de assassinato contra os jornalistas que se converta em emblema da luta contra a impunidade. (Com a Fenaj)
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